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Foto do escritorLuciana Santos

"O Homem do Norte" (2022)



Com apenas três longas-metragens em seu currículo, Robert Eggers já se estabeleceu como um auteur, um cineasta com uma visão única e projetos estilisticamente e narrativamente coesos. Com um pé no passado e outro no terror, Eggers tornou a histeria puritana tangível em A Bruxa (2015) e versou sobre o a solidão e o isolamento humano em O Farol (2019). Pela primeira vez com os recursos de um grande estúdio à sua disposição, Eggers viajou ao século 10 e trouxe à vida O Homem do Norte, uma história de vingança de proporções épicas e alto valor de produção.


Em O Homem do Norte, o jovem príncipe Amleth testemunha o assassinato de seu pai, o rei Aurvandil (Ethan Hawke), pelas mãos de seu ambicioso tio Fjölnir (Claes Bang), que toma o reino e a esposa do irmão, a rainha Gudrún (Nicole Kidman), para si. Forçado a fugir para salvar a própria vida, Amleth jura que voltará para vingar o pai, salvar a mãe e matar o tio. Anos depois, o já adulto Amleth (Alexander Skarsgård), agora um temido guerreiro viking, se depara com uma vidente que o coloca novamente em seu caminho rumo à vingança. Nesta jornada, ele conhece Olga (Anya Taylor-Joy), e descobre novas razões para lutar.


Há, em O Homem do Norte, um palpável esforço para criar um universo viking autêntico, visualmente e tematicamente. Costumes e tradições, rituais e lendas ganham vida, sempre permeados pela violência que tornou aqueles guerreiros lendários, homens cuja maior ambição era uma morte sangrenta. Unindo história e mito, Eggers cria uma experiência imersiva que deve atrair diferentes públicos, em busca de diferentes características do filme.


De forma semelhante aos projetos anteriores de Eggers, que tematicamente se inclinavam para o terror, O Homem do Norte tem sequências assustadoras, mas segue na direção do gore. Violência e vingança clamam por sangue, e este é um filme que mergulha em sangue, suor e horror corporal. Em seu pequeno, mas significativo, corpo de trabalho, Eggers demonstra uma busca em tornar o passado concreto, real. Aqui, lendas diáfanas ganham corporalidade e se tornam fatos para os personagens e para o espectador.


Enquanto a direção de Eggers se mostra complexa, seu roteiro, escrito em parceria com Sjón, tem uma estrutura relativamente simples: Amleth busca vingança pelos crimes cometidos contra sua família. O protagonista é vivido por Skarsgård com uma força e determinação que igualam sua potente presença física. Amleth tem um destino, e nada pode desviá-lo de seu objetivo. A Olga de Anya Taylor-Joy e a rainha Gudrún de Nicole Kidman também se revelam personagens fortes e tão interessantes quanto o guerreiro que dá nome ao filme. Merecem destaque também os personagens de Willem Dafoe e Björk.


Com 2h e 17 minutos de projeção, O Homem do Norte é um filme com forte direção artística e orçamento de blockbuster, e deve surpreender aqueles que se encantarem apenas por sua campanha de marketing. Uma grande produção que resistiu às investidas do comitê de executivos hollywoodianos responsáveis por ceifar incontáveis cineastas inovadores.



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