Depois de ver um triste lançamento pandêmico em 2021 com Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, o universo Invocação do Mal mais uma vez encara forças maiores e coloca nos cinemas A Freira 2 em plena greve dos roteiristas e atores hollywoodianos, o que significa que o filme recebeu uma campanha de marketing bastante aquém da franquia de terror de maior bilheteria da história. Porém, a proximidade do Halloween estadunidense, somada à popularidade dos filmes baseados nos contos de Ed e Lorraine Warren, pode se revelar suficiente para conjurar espectadores para as novas aventuras de Valak.
Com direção de Michael Chaves, A Freira 2 acompanha novamente a Irmã Irene (Taissa Farmiga), convocada pelo Vaticano a rastrear o demônio que acreditava ter derrotado nos eventos retratados em A Freira. Paralelamente, Maurice Frenchie Theriault (Jonas Bloquet), outro sobrevivente da Abadia de Santa Carta, é atormentado por Valak (Bonnie Aarons) enquanto tenta construir uma nova vida como zelador de um internato para meninas. A Irmã Irene precisa correr contra o tempo para encontrar Frenchie e descobrir os objetivos do poderoso demônio. O roteiro de A Freira 2 é assinado por Ian Goldberg, Richard Naing e Akela Cooper.
A Freira 2 continua sofrendo do problema que assombra a personagem-título desde sua segunda aparição na franquia. Eficiente enquanto conceito visual em Invocação do Mal 2, a figura se torna progressivamente menos assustadora na medida em que sua exposição em tela se prolonga. Aqui, o demônio pode abrir a bocarra e expor suas presas o quanto quiser – uma vez que sua imagem se torna familiar, por mais feia e profana que seja, ela perde seu principal fator de intimidação.
Mas não é só de freira que vive A Freira 2. O spin-off vive também do carisma de seus personagens recorrentes. Apesar disso, o roteiro, embora se aventure em um storytelling mais complexo, com narrativas entrecruzadas que culminam no terceiro ato, não se aprofunda nas histórias de seus protagonistas. O questionamento da fé, adversidade mais intrigante que um demônio vestido de freira poderia despertar em um católico, não existe em A Freira 2. Não há conflito pessoal a ser resolvido aqui. A Irmã Irene ganha autonomia, mas não consegue emular a mentoria que recebeu do Padre Burke (Demián Bichir) em A Freira. Sua noviça, a Irmã Debra (Storm Reid), está entregue à própria sorte.
Com 1h50min de projeção, A Freira 2 oferece algumas sequências inspiradas que, tragicamente, são literalmente obscurecidas por decisões que apenas Michael Chaves e Tristan Nyby, que assina a direção de fotografia, saberão explicar. Ainda assim, o filme disponibiliza uma boa seleção de jumpscares para os apreciadores da técnica, além de trazer um gostinho do universo Invocação do Mal de volta aos cinemas.
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